
25 de abr. de 2024
A dissertação de mestrado da acadêmica Ana Paula Vanin investigou o potencial terapêutico dos canabinoides CBD e THC para tratar essas condições.
Na Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS) — Campus Erechim, uma pesquisa inovadora está abrindo novos caminhos no tratamento de doenças crônicas relacionadas ao sistema nervoso central.
O estudo utilizou o nematódeo Caenorhabditis elegans, um verme cujos genes e vias moleculares são similares aos do corpo humano. Os resultados revelaram que os óleos de Cannabis sativa, contendo CBD e THC, têm efeitos positivos em parâmetros comportamentais, biomarcadores do sistema colinérgico e na peroxidação lipídica.
O óleo com CBD mostrou inibir a acetilcolinesterase, uma enzima relacionada a funções do sistema nervoso central, enquanto o óleo rico em THC afetou biomarcadores em diferentes cepas do verme.
Na doença de Alzheimer, ocorre a perda de neurotransmissores responsáveis pela comunicação entre neurônios. A acetilcolina, um importante neurotransmissor cerebral, desempenha um papel central em processos cognitivos, motores e de memória. O Alzheimer degrada os neurônios, reduzindo a atuação da acetilcolina. O uso de óleos de Cannabis ajuda a inibir a enzima que degrada a acetilcolina, permitindo que ela permaneça ativa por mais tempo, melhorando os sintomas cognitivos, funcionais e comportamentais associados à doença.
Os resultados deste estudo fornecem insights valiosos sobre como os compostos derivados da Cannabis podem influenciar sistemas neuroquímicos e processos ligados a doenças neurodegenerativas. Os óleos de CBD e THC podem impactar esses processos, promovendo funções neuroprotetoras, antioxidantes e anti-inflamatórias.
Entender como os canabinoides afetam sistemas como o colinérgico nos permite identificar vias de sinalização molecular específicas e potenciais alvos terapêuticos para o tratamento de doenças crônicas ligadas ao sistema nervoso central.
Além de THC e CBD, outros fitocanabinoides como o canabinol (CBN) e canabigerol (CBG) também estão ganhando destaque por seus benefícios terapêuticos para condições como insônia, patologias relacionadas ao sistema imunológico, esclerose múltipla e doença de Crohn.
Apesar dos avanços nas pesquisas, o uso medicinal da Cannabis ainda enfrenta desafios, como a falta de regulamentação em muitos estados brasileiros. É importante derrubar barreiras relacionadas ao preconceito e à desinformação para facilitar o acesso aos medicamentos.
A pesquisa completa está disponível aqui.
Para saber mais sobre o Programa de Pós-Graduação em Ciência e Tecnologia Ambiental da UFFS, acesse este link. [foto do acervo pessoal da pesquisadora]